terça-feira, 27 de maio de 2014

Feminismo: Mulheres do Hip Hop na busca por reconhecimento


Uma nova e diversificada geração de mulheres jovens vem dando exemplos de que, 
apesar das muitas e fundamentais conquistas conseguidas até aqui, ainda há muito por que 
lutar para transformar relações de poder baseadas nas desigualdades de gênero. Na cultura Hip Hop. Sendo uma das expressões culturais juvenis de maior visibilidade no Brasil e em outros países, o lugar das mulheres ainda é reduzido e aquelas que buscam se inserir têm que lutar cotidianamente por mais espaço e reconhecimento dentro de uma cultura regida por uma lógica masculina que as torna quase sempre invisíveis. 
Nesse processo, a relação entre mulheres do Hip Hop e movimentos e organizações 
não governamentais feministas, de mulheres e/ ou de mulheres negras é inegável. ONGs 
como Geledés, em São Paulo, e Criola e Cemina, no Rio de Janeiro, passam a trabalhar com 
Hip Hop a partir da perspectiva de gênero e/ou da luta das mulheres negras e, nesse processo, 
jovens mulheres do Hip Hop passam a se vincular a iniciativas dessas organizações.

Não se pode afirmar que a relação entre mulheres e homens no universo do Hip Hop 

tenha sido profundamente alterada. A cultura Hip Hop encontra-se 
inserida em uma sociedade onde, apesar de importantes conquistas da luta pelos direitos das 
mulheres nas últimas décadas, as desigualdades de gênero continuam presentes em muitas 
esferas das relações sociais (diferenças salariais na ocupação de um mesmo posto de trabalho,  9 
altos índices de violência contra a mulher, responsabilização majoritária da mulher pela 
realização das tarefas domésticas e cuidados com as crianças (filhos(as), irmãos(ãs), netos(as) 
etc). Quando se pensa que tais desigualdades de gênero estão também desigualmente 
“distribuídas” entre as mulheres brasileiras de acordo com sua classe social, raça e local de 
moradia e que a maior parte das participantes de grupos e movimentos de Hip Hop são 
mulheres negras, pobres e moradoras de bairros periféricos e/ou favelas, é possível concluir 
que entre elas estão mulheres que lidam com tais desigualdades de maneira ainda mais 
profunda em seu cotidiano. 

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